Resenha do artigo:
Barbosa HC, Martins MAP, Jesus JC, Meira KC, Passaglia LG, Sacioto MF,
Bezerra AFB, Schwarzbold AV, Maurílio AO, Farace BL, Silva CTCAD, Cimini
CCR, Silveira DV, Carazai DDR, Ponce D, Costa EVA, Manenti ERF, Cenci
EPA, Bartolazzi F, Madeira GCC, Nascimento GF, Velloso IVP, Batista JDL,
Morais JDP, Carvalho JDSN, Ruschel KB, Martins KPMP, Zandoná LB,
Menezes LSM, Kopittke L, Castro LC, Nasi LA, Floriani MA, Souza MD,
Carneiro M, Bicalho MAC, Lima MCPB, Godoy MF, Guimarães-Júnior MH,
Mendes PM, Delfino-Pereira P, Ribeiro RJE, Finger RG, Menezes RM,
Francisco SC, Araújo SF, Oliveira TF, Oliveira TC, Polanczyk CA, Marcolino
MS. Myocardial Injury and Prognosis in Hospitalized COVID-19 Patients in
Brazil: Results From The Brazilian COVID-19 Registry. Arq Bras Cardiol. 2023
Feb 27;120(2):e20220151. English, Portuguese. doi: 10.36660/abc.20220151.
PMID: 36856237.
Pacientes infectados por covid-19 frequentemente apresentam complicações cardiovasculares. Neste estudo a injúria miocárdica foi definida pela elevação da troponina cardíaca e está associada a piores desfechos, no entanto, existem poucos estudos sobre o seu papel prognóstico em pacientes hospitalizados com covid-19 na América Latina. Além disso, o perfil epidemiológico desta população e as comorbidades prevalentes nesta localização, podem influenciar as taxas de injúria miocárdica e os níveis de biomarcadores. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar a injúria miocárdica como preditor independente para mortalidade hospitalar e necessidade de ventilação mecânica invasiva, em pacientes hospitalizados com covid-19 no Brasil.
Trata-se de uma coorte retrospectiva e multicêntrica, desenvolvida a partir do Registro Brasileiro de covid-19, com dados de pacientes internados em 31 hospitais, entre março e setembro de 2020. Para este estudo foram incluídos pacientes adultos com o diagnóstico de covid-19 confirmado por exames laboratoriais, com (grupo de estudo) e sem (grupo controle) injúria miocárdica. Foram considerados com injúria miocárdica, os pacientes que apresentaram níveis de troponina maiores que o percentil 99, até no máximo 24 horas da admissão. Os desfechos de interesse foram mortalidade intra-hospitalar e necessidade de ventilação mecânica invasiva. A análise estatística dos dados foi realizada pelo modelo de Regressão de Poisson, sendo considerado significativo valores-p menores que 0,05.
Dos 7.760 pacientes, 2.925 foram incluídos no estudo, destes 27,3% apresentaram injúria miocárdica. A idade mediana dos pacientes foi de 60 anos (48-71) e 57,1% eram homens. Número de comorbidades, peptídeo natriurético cerebral (BNP), lactato desidrogenase, creatinofosfoquinase, pró BNP não terminal e proteína C reativa foram maiores nos pacientes com injúria miocárdica, quando comparados aos pacientes com níveis de troponinas adequados. Como preditores independentes, identificamos que o exame laboratorial de contagem de plaquetas e a proteína C reativa foram relacionadas ao maior risco de morte, enquanto a contagem de plaquetas e neutrófilos foi associada ao maior risco de ventilação mecânica invasiva. Em relação aos desfechos, pacientes com injúria miocárdica apresentaram maior mortalidade intra-hospitalar (RR 2.03, 95% CI 1.60-2.58) e maior necessidade de ventilação mecânica invasiva (RR 1.87, 95% CI 1.57-2.23), comparado aos pacientes com níveis de troponinas normais.
Assim, a injúria cardíaca, avaliada pela elevação de troponina, foi um preditor independente para mortalidade intra-hospitalar e necessidade de ventilação mecânica invasiva.
Elaborada por |
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Hannah Cardoso Barbosa Maria Auxiliadora Parreiras Martins Luiza Margoto Marques Polianna Delfino Pereira Milena Soriano Marcolino |
Data da Resenha |
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15/06/2023 |
Eixo Temático |
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Doenças Cardiovasculares e Fatores de Risco |
Eixo Metodológico |
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Pesquisas Epidemiológicas |