Resenha do artigo:
Schrempft S, Jackowska M, Hamer M, Steptoe A. Associations between social isolation, loneliness, and objective physical activity in older men and women. BMC Public Health. 2019 Jan 16;19(1):74. doi: 10.1186/s12889-019-6424-y. PMID: 30651092; PMCID: PMC6335852.
O isolamento social, entendido como a ausência de contato regular com familiares e amigos e falta de envolvimento em organizações sociais, e a solidão, entendida como a experiência subjetiva ou percepção de estar isolado; têm sido associadas com um aumentado risco de morbilidade e mortalidade, independentemente de fatores sociodemográficos e condições de saúde pré-existentes. Estas associações podem ser mediadas por uma combinação de processos biológicos diretos e fatores de estilo de vida, como a prática de atividade física. Diversas evidências têm apresentado inúmeros benefícios da atividade física, como: redução do risco cardiovascular, redução da incapacidade e fragilidade, melhora do perfil metabólico, maior independência e qualidade de vida. Portanto, Schrempft e colaboradores realizaram um estudo em 2019 para testar a hipótese de que isolamento social e a solidão estão associados a menores níveis de atividade física, medida de forma objetiva, e a maiores níveis de comportamento sedentário em idosos.
Na sexta onda do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), que aconteceu entre os anos de 2012 e 2013, uma subamostra aleatória (n = 499) foi convidada a utilizar um acelerômetro no pulso por 8 dias e a preencher um diário para relatar os horários de sono e vigília e atividades como andar de bicicleta e quaisquer períodos sem uso do acelerômetro. Devido a problemas técnicos e de utilização dos acelerômetros, e a condição de apenas incluir na análise final aqueles participantes com todas as variáveis em estudo, a amostra final foi composta por 267 homens (n = 136) e mulheres (n = 131) com idade entre 50-81 anos (média 66,01). O Isolamento social e a solidão foram avaliadas através de questionários com posterior atribuição de escores, onde quanto maior o escore, maior o isolamento social e a solidão. Os dados dos acelerômetros foram expressos em quantidade total de atividade física diária e tempo gasto em comportamento sedentário e atividades físicas leves e moderadas/vigorosas por dia. Adicionalmente, foram avaliados diversos potenciais confundidores, como: sintomas depressivos, problemas de saúde, limitações de mobilidade, fatores sociodemográficos, entre outros.
As associações entre isolamento social ou solidão e atividade física, avaliadas objetivamente, foram analisadas por meio de regressões lineares. Como resultados, os autores observaram que a quantidade total de atividade física diária foi menor entre os participantes classificados como “isolados ou com algum grau de isolamento social” em comparação com os “não isolados” (β = – 0,130, p = 0,028). O tempo gasto em comportamento sedentário foi maior nos participantes classificados como “isolados ou com algum grau de isolamento social” (β = 0,143, p = 0,013), enquanto que a atividade física leve (β = – 0,143, p = 0,015) e moderada/vigorosa (β = – 0,112, p = 0,051 ) foi menos frequente entre esses participantes. Essas relações foram aparentes nos dias de semana e fim de semana e foram independentes de gênero, idade, status socioeconômico, estado civil, indicadores de saúde, limitações de mobilidade, sintomas depressivos e solidão. A solidão não foi associada à atividade física ou comportamento sedentário na análise multivariável.
Por fim, os autores concluíram que o isolamento social de idosos está relacionado com uma reduzida atividade física diária e um elevado comportamento sedentário. Adicionalmente, diferenças na prática de atividade física podem contribuir para o aumento dos riscos à saúde associados ao isolamento social. Contudo, deve-se salientar que a natureza transversal do presente estudo impede que relações de causa e efeito sejam estabelecidas. Estudos futuros, prospectivos, são necessários para explorar o impacto de intervenções sociais sobre a prática de atividade física nessa população.
Neste momento de pandemia da COVID-19, o estudo dessas relações ganha cada vez mais importância devido a introdução de medidas de distanciamento social para reduzir o risco de contágio pelo SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19. Isto é particularmente relevante, especialmente em idosos, a faixa etária com maior risco de complicações à COVID-19.
| Elaborada por: |
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| Nórton Luís Oliveira |
| Data da Resenha: |
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| 17/11/2020 |
| Eixo Temático: |
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| Doenças Infecciosas e Tropicais |
| Eixo Metodológico: |
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| Pesquisas Epidemiológicas |
