Associação dos biomarcadores com aterosclerose e risco para doença coronariana em portadores do HIV

Resenha do artigo:

Falcão Mda C, Zírpoli JC, Albuquerque VM, Markman Filho B, Araújo NA, Falcão CA, Miranda-Filho Dde B, Ximenes RA, Albuquerque Mde F, Lacerda HR. Association of biomarkers with atherosclerosis and risk for coronary artery disease in patients with HIV. Arq Bras Cardiol. 2012 Nov;99(5):971-8. English, Portuguese. doi: 10.1590/s0066-782×2012005000093. Epub 2012 Oct 18. PMID: 23080223.

O uso maciço da terapia antirretroviral (TARV) na população de pessoas vivendo com o HIV (PVHIV) coincidiu com um aumento das doenças cardiovasculares (DCV), uma das principais causas atuais de morbi-mortalidade neste grupo. Sabe-se que aterosclerose decorre de inflamação crônica e elevações de biomarcadores como proteína C reativa, IL-6 e TNF-α estão associados com maior risco de eventos coronarianos agudos. Para determinar a frequência de aterosclerose carotídea e avaliar a associação entre os níveis dos biomarcadores e o espessamento da camada médio-intimal carotídea em indivíduos HIV positivos, atendidos em serviços de referência para HIV em Pernambuco, realizamos um estudo de corte transversal com 122 pacientes HIV positivos.

Considerou-se aterosclerose carotídea subclínica o aumento da espessura da camada média intimal da carótida comum, maior que 0,8 milímetros, pela ultrassonografia de carótidas. Os biomarcadores inflamatórios analisados foram IL6, IL1-β, TNF-α, PCR-ultrassensível, sVCAM-1 e sICAM-1. Foram incluídos 122 pacientes, dos quais a maioria eram homens (60,7%), com mais de 40 anos (57,4%), em uso de TARV (81,1%). A prevalência de aterosclerose foi de 42,6% (52 casos). Pacientes com idade acima de 40 anos e Framingham intermediário ou alto apresentaram maior chance de apresentar aterosclerose.

Para o sexo masculino, a condição de síndrome metabólica e a dislipidemia mostraram tendência a apresentar risco para aterosclerose. Níveis elevados de citocinas inflamatórias e moléculas de adesão não mostraram associação com a presença de aterosclerose. A síndrome metabólica esteve associada a aumento da PCR-us e os antecedentes familiares de doença arterial coronariana com níveis elevados de TNF-α. Concluiu-se que não houve associação entre os biomarcadores inflamatórios, moléculas de adesão e presença de aterosclerose carotídea.

Entretanto, evidenciou-se em pacientes acima dos 40 anos ou com escore de Framingham intermediário/alto, uma maior chance de aterosclerose subclínica carotídea. Os resultados sugeriram que a prevenção da doença cardiovascular aterosclerótica nas PVHIV deve incluir a prevenção da síndrome metabólica e mirar aqueles com antecedente familiar de doença arterial coronariana, visto que cursam com aumento da PCR-us e TNF-α. Por outro lado, a realização de USG com Doppler de carótidas é útil em pacientes com mais de 40 anos e escore de Framingham apontando risco cardiovascular intermediário/alto, visto que pode demonstrar a presença de aterosclerose subclínica neste grupo de maior risco para a doença e orientar para a adoção de estratégias terapêuticas preventivas mais agressivas para doença arterial coronariana. Coortes prospectivas são necessárias para avaliar o valor preditivo dos biomarcadores para eventos cardiovasculares e para a morte por doença cardiovascular no grupo de infectados pelo HIV.

Elaborada por:
Heloísa Ramos Lacerda
Ricardo Arraes de Alencar Ximenes
Data da Resenha:
21/03/2014
Eixo Temático:
Doenças Infecciosas e Tropicais
Eixo Metodológico:
Pesquisas Epidemiológicas

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