Análise de Decisão Multicritérios para a Avaliação de Tratamentos para Câncer de Mama HER2 Positivo Metastático

Apresentação

O câncer de mama é o câncer mais diagnosticado no mundo, segundo os últimos dados do GLOBOCAN 2020. No Brasil, 66.280 novos casos foram estimados para 2020 correspondendo a 29,7% de todos os novos casos de câncer diagnosticados em mulheres.

O câncer de mama HER2 positivo é um tumor que superexpressa na superfície de suas células a molécula de sinalização de crescimento ERBB2 (receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 [HER2]), o que contribui para autonomia de crescimento e instabilidade genômica. O estudo KATHERINE mostrou que o uso de novos tratamentos, como o trastuzumabe entamsina, aumentou em 50% o tempo de sobrevida livre de doença invasiva em relação à terapia convencional com trastuzumabe nesta população.

No Brasil, estudos de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) que apoiem a incorporação de novos tratamentos para o câncer de mama HER-2 positivo não metastático ainda são raros. Recentemente, a CONITEC realizou a avaliação do trastuzumabe entansina para o tratamento adjuvante do câncer de mama HER2 positivo em estádio III com doença residual após cirurgia e tratamento neoadjuvante padrão com trastuzumabe e taxano. A comissão recomendou então a sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) para esta população.

Entretanto, a avaliação do trastuzumabe entansina em comparação com outras alternativas terapêuticas ainda não foi realizada para câncer de mama HER2-positivo não metastático, na perspectiva do sistema público de saúde brasileiro. Neste sentido, uma alternativa para a avaliação global do valor terapêutico de uma dada tecnologia em saúde é a utilização de métodos de Análise de Decisão Multicritérios (ADMC). A ADMC compreende um conjunto de métodos que apoiam a tomada de decisão e aumentam a consistência, a transparência e a legitimidade das decisões por implicarem a consideração de diferentes critérios de valor e a participação de diversas partes interessadas ou stakeholders.

Assim, pretende-se desenvolver um estudo no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) em que será utilizada uma abordagem de ADMC previamente validada na literatura científica e construída especificamente para a aplicação na área de oncologia. O estudo implicará ainda a constituição de um painel de stakeholders, com profissionais pertencentes a diferentes áreas de saúde, que participará no processo de avaliação das alternativas terapêuticas a serem comparadas.

Portanto, o objetivo deste estudo será realizar uma ADMC comparando tratamentos para mulheres com câncer de mama não metastático, HER2+, HR+ em pós menopausa, que não atingiram resposta patológica completa (RPC) após cirurgia, ou seja, que apresentam doença residual.

Entre os resultados esperados estão:

– Adaptação da Paraconsistent Value Framework para serem utilizados dados de sobrevida em porcentagem (sobrevida global e sobrevida livre de progressão em 3 anos).

– Entrevistas com os diferentes stakeholders onde eles irão atribuir escores às faixas de desempenho e pesos aos critérios de decisão.

 – Análise do risco de viés dos estudos selecionados.

– Análise do caso base através do cálculo dos escores agregados dos tratamentos comparados, bem como a realização de análises de incerteza, conforme variação de parâmetros a serem selecionados.

Publicações relacionadas:

CAMPOLINA, A. G.; YUBA, T. Y.; SOÁREZ, P. C. Critérios de decisão para a alocação de recursos: uma análise de relatórios da CONITEC na área de oncologia. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 7, p. 2563–2572, 2022. Link.

Status: Concluído
Início: Fevereiro/2022

Conclusão Prevista: Dezembro/2024
Eixo temático: Serviços de Saúde e Políticas Públicas
Outras Doenças Não-Transmissíveis
Eixo metodológico: Plataforma Metodológica de Apoio à Avaliação e Monitoramento de Tecnologias em Saúde
Análises Econômicas
Instituição coordenadora:
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
Instituições participantes:
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Fonte de fomento:
Iniciativa do Pesquisador
Coordenação:
Alessandro Gonçalves Campolina (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo)


Integrantes: 
Clarissa Lisboa (Hospital São Camilo)
Maria Del Pilar Estevez Diz (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo)
Patrícia Coelho de Soárez (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)
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Concluídos