Nature publica como repensar o currículo científico

Novos formatos mostram o trabalho dos pesquisadores de forma mais eficaz

Com o objetivo de apoiar candidaturas a empregos, financiamento, promoções e prêmios, os currículos dos pesquisadores precisam encontrar novas maneiras de documentar suas realizações e valor além de uma mera lista de publicações, e os comitês que supervisionam promoções e subsídios precisam mudar seus protocolos e expectativas.

Os currículos fazem parte da moeda da promoção científica há muito tempo. Os cientistas que buscam uma posição ou uma bolsa muitas vezes se sentem obrigados a listar todas as publicações, apresentações e prêmios em um único documento destinado a influenciar os comitês por meio de sua extensão e volume. “O currículo típico segue um modelo desgastado pelo tempo”, diz Robert Morrell, pesquisador em educação e ex-diretor do Programa de Nova Geração de Acadêmicos da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. 

Em resposta, os pesquisadores estão aprendendo a retrabalhar os currículos para enfatizar a qualidade sobre a quantidade e incluir narrativas sobre seu impacto mais amplo. Enquanto isso, plataformas de contratação e avaliadores da seleção precisam repensar a melhor forma de avaliar esses documentos.

Os currículos padrão hoje tendem a evidenciar os dados quantitativos com métricas e índices das publicações, entretanto a carreira de um pesquisador vai além deste resultado. As barreiras, os bastidores de grandes projetos e as múltiplas tarefas não são representadas atualmente nos currículos. 

Contribuições para seu CV

Pesquisadores internacionais indicam 5 contribuições para você aplicar na atualização do seu currículo. São elas:

Se você estiver do lado contrário, como contratante que irá selecionar um pesquisador, não deixe de oferecer uma seção narrativa com espaço para o candidato explicar suas conquistas e contribuições para a ciência que não se encaixam nas categorias tradicionais de currículos. 

A extensa lista de publicações e a competitividade nos últimos anos tornou os CVs exaustivos por serem longos demais e o valor informativo foi reduzido. Por isso, criar formas para melhor avaliar as pessoas e a diversidade de diferentes campos científicos é importante para sermos assertivos.  

Exemplos de trechos de currículos

Os trechos a seguir são de currículos narrativos dos candidatos bem-sucedidos ao Fundo Nacional de Pesquisa de Luxemburgo em 2021.

• “Ao lado dos objetivos científicos, também sigo os de liderança. Um curso de liderança profissional de quatro dias e três meses de coaching pessoal em 2020 me ensinaram a refletir sobre mim mesmo, desenvolver minha visão científica e aprender sobre os principais atributos de equipes de sucesso. Também enviei meus pós-docs em cursos semelhantes. Como resultado, minha equipe é extremamente produtiva, com dois manuscritos em fase de submissão apenas 2,5 anos após o lançamento do meu próprio grupo.”

• “Dou palestras regulares em fundações, clubes de caridade e associações estudantis, falando aos jovens sobre pesquisas científicas e novos caminhos terapêuticos no câncer. Também escrevo regularmente para jornais nacionais, mais uma vez para transferir minha paixão pela pesquisa para os mais jovens.”

• “Eu invisto no desenvolvimento das pessoas e construo um forte espírito de equipe por meio de cursos regulares de liderança e gestão de conflitos. Durante a pandemia do COVID-19, coloquei em prática várias ideias sobre liderança remota e comunicação em equipe.”

• “Fiz um documentário de 52 minutos sobre a psiquiatria contemporânea em meu país, junto com um antropólogo visual e uma produtora local. Trabalhamos como assistentes de cuidados em uma enfermaria por três meses antes de introduzir uma câmera. O filme provou ser um exercício estimulante de engajamento público.”

Referências

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