Pesquisadora integrante do Comitê Gestor do IATS é indicada para grupo de trabalho da OMS para Covid-19

Cristiana Toscano é a única brasileira, além de representante inicial da América Latina, que irá compor este grupo restrito de especialistas mundiais

A professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cristiana Toscano, pesquisadora integrante do Comitê Gestor do INCT IATS, foi indicada para compor o Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas e Vacinação (SAGE – Strategic Advisory Group of Experts for vaccines and vaccination) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu Grupo de Trabalho de Vacinas para COVID-19.

O grupo será formado por 10 a 15 pesquisadores de todo o mundo, com missão de revisar as evidências disponíveis sobre o progresso das vacinas candidatas contra a COVID-19, provendo orientações para estratégias e sobre o uso acelerado de vacinas (pré-licenciamento e pós-licenciamento). A professora, que é médica e infectologista, acredita que a indicação tende a fortalecer a rede de colaboração científica nacional e internacional e será importante, inclusive, para o desenvolvimento e continuidade das pesquisas em andamento na Universidade.

Pelo INCT, Cristiana tem liderado estudos sobre vacinas, sua segurança, efetividade e custo para o sistema de saúde, tendo diversas contribuições científicas incorporadas ao Programa Nacional de Imunização do Brasil, com repercussão para América Latina, Caribe e África (https://iats.com.br/2020/05/01/cooperacao-internacional-com-participacao-do-iats-qualifica-acoes-de-imunizacao-em-angola/). A pesquisadora também lidera ações para Formação de Recursos Humanos, como as três edições já realizadas do Curso NatJus, e a Especialização em Economia da Saúde da UFG.

Leia entrevista concedida à jornalista Kharen Stecca, para o Jornal UFG:

Como deve ser o trabalho dessa comissão?

A comissão se reunirá a cada 15 dias, neste momento de maneira virtual, a partir do próximo dia 5 de junho, sexta feira. Cabe à comissão a revisão de todos os estudos de vacinas contra COVID-19 em andamento, a fim de prover orientações para estratégias sobre o uso de vacinas (em fases de pré-licenciamento e pós-licenciamento) contra COVID-19.

Como se deu sua indicação? Quais trabalhos com vacinas esteve envolvida?

Tenho atuado na área de imunizações há 20 anos, e neste período trabalhei em organizações internacionais em diversas instâncias – Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, em Washington e depois Organização Mundial da Saúde em Genebra. Neste período, trabalhei em diversos países, em investigações de epidemias relacionadas à doenças imunopreveníveis, planejamento e preparação nacional e regional para a pandemia de influenza, estruturação e coordenação de rede de vigilância internacional para monitoramento de doenças preveníveis por novas vacinas em desenvolvimento. Após mais de 10 anos de carreira na área de saúde pública internacional, tendo trabalhado em diversos países e diversas regiões do mundo, desde 2009, retornei ao Brasil, e por questões pessoais e familiares, me estabeleci em Goiás, assumindo em 2010 a posição de professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva da UFG.

Desde então, tenho realizados pesquisas e coordenado ações de treinamento, capacitação e ensino sobretudo na área de avaliação de impacto de imunizações e análises de custo-efetividade de estratégias de vacinação.
Participo de diversos comitês nacionais e internacionais da área, como especialista. Em particular, na área de imunizações, componho desde 2016 o grupo de trabalho para avaliação e recomendação para a vacina contra pneumococco do SAGE/OMS, e desde 2017 componho o Grupo Técnico Assessor para vacinas (TAG) da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Represento ainda o estado de Goiás junto à Sociedade Brasileira de Imunizações. O convite para compor o grupo de trabalho para vacinas contra COVID-19 do SAGE-OMS veio neste sentido, como resultado deste caminho que tenho trilhado nas ações e estudos relacionados à vacinas e seu uso para prevenção e controle de doenças na população.

Como sua indicação pode contribuir para a pesquisa na UFG?
Desde minha chegada à UFG tenho realizado pesquisas na área, com financiamento do Ministério da Saúde, Organizações Internacionais, ONGs e instituições internacionais acadêmicas e filantrópicas como a Fundação Bill e Melinda Gates. Estas pesquisas e atividades de ensino são sempre voltadas à formação de profissionais e geração de evidências para atuação e apoio às ações de saúde pública. Neste sentido, esta indicação tende a fortalecer ainda mais esta rede de colaboração nacional e internacional, e trazer mais financiamento para pesquisas e atividades relacionadas à saúde pública, em particular à prevenção e controle da pandemia do COVID-19 em países em desenvolvimento. Será importante para o fortalecimento e continuidade das atividades em andamento na UFG.

Podemos dizer que estamos a caminho de conseguir uma vacina para a Covid-19?
Há na atualidade inúmeras vacinas em desenvolvimento, inclusive algumas já em estudos clínicos em humanos. Ainda é cedo para saber se e quando teremos uma vacina segura e eficaz disponibilizada em grande escala para a população. Mas a articulação internacional de grupos de pesquisa e desenvolvimento de vacinas é intensa e promissora neste sentido.

 
Edição: Luiz Sérgio Dibe
Fonte: Secom UFG

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