Resenha do artigo:
Bahia L, Coutinho ES, Barufaldi LA, Abreu Gde A, Malhão TA, de Souza CP, Araujo DV. The costs of overweight and obesity-related diseases in the Brazilian public health system: cross-sectional study. BMC Public Health. 2012 Jun 18;12:440. doi: 10.1186/1471-2458-12-440. PMID: 22713624; PMCID: PMC3416687.
Nas últimas décadas os gastos médicos aumentaram de maneira mais significativa do que em outros setores da economia mundial. Provavelmente esse aumento seja devido ao envelhecimento populacional, com maior necessidade de cuidados de saúde, e o surgimento e incorporação de novas tecnologias (medicamentos, testes diagnósticos, procedimentos, etc). Grande parte desses gastos são decorrentes das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis – DCNT (obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer), que são as causas mais comuns de morte no mundo moderno. A obesidade é um importante fator de risco para essas doenças, sendo considerada uma verdadeira epidemia e um sério problema de saúde pública.
Bahia e cols. demonstraram os custos médicos relacionados ao tratamento ambulatorial e hospitalar de doenças relacionadas ao excesso de peso e à obesidade nos anos de 2008 a 2010. Estimou-se o gasto anual para a população atendida pelo SUS seja de cerca de R$ 3,6 bilhões por ano, sendo R$ 2,4 bilhões com o tratamento hospitalar (68%) e R$1,2 bilhões com o tratamento ambulatorial. As doenças cardiovasculares, provavelmente pela maior frequência, foram responsáveis por 67% dos custos, seguida pelo tratamento do câncer. Considerando que os custos indiretos (perda de produtividade, licenças médicas, morte prematura) não foram incluídos e os dados de gastos médicos foram obtidos através do banco de dados do DATASUS, ou seja, valores reembolsados às unidades de saúde, os autores ressaltam que esses números são uma estimativa bastante conservadora dos gastos públicos com pacientes obesos, já que o custo real do tratamento é classicamente maior do que os valores reembolsados. Os custos estimados foram equivalentes a 0,9 % do PIB nacional em 2010.
O conhecimento dos custos nacionais para o tratamento da obesidade e doenças relacionadas é importante ferramenta que ajuda na tomada de decisão por gestores sobre investimentos e prioridades. Devido incidência crescente da obesidade no Brasil há necessidade de um planejamento financiamento para intervenções preventivas e terapêuticas no sentido de minimizar as consequências clínicas e econômicas dessa epidemia e garantir a sustentabilidade do tratamento a longo prazo.
Elaborado por: |
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Luciana Bahia Denizar Vianna |
Data da Resenha: |
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09/09/2013 |
Eixo Temático: |
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Hipertensão Arterial/Diabetes Mellitus/Obesidade/Terapias |
Eixo Metodológico: |
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Análises Econômicas |