Revisão sistemática da literatura: estudos de validação diagnóstica para infecção pelos arbovírus Zika e Chikungunya
Apresentação
O vírus Chikungunya (CHIKV) é um alfavírus que tem como vetor o mosquito Aedes spp.. Inicialmente os casos de Chikungunya eram restritos aos continentes africano e asiático. Em 2013, porém o vírus alastrou-se pela primeira vez no continente americano e, em 2016, a maior parte dos casos estava concentrada no Brasil, especialmente na região Nordeste. O Zika vírus (ZIKV) é da família Flaviviridae e possui o mesmo vetor que o CHIKV. Além disso, o Zika possui a peculiaridade, dentre os flavivirus, de também ser transmitido verticalmente em humanos, da mãe para o feto. Atualmente, é uma doença considerada emergente e de ameaça mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Nos países tropicais, principalmente no continente Americano, existe atualmente uma co-circulação de vírus que têm o mosquito Aedes spp. como vetor. São eles: o vírus da Dengue, Zika e Chikungunya. Além de terem o mesmo vetor, esses vírus se manifestam clinicamente na forma de uma síndrome febril com sintomas inespecíficos muito semelhantes. Por isso, o uso de exames complementares laboratoriais é essencial para o diagnóstico específico dessas infecções.
Atualmente o diagnóstico laboratorial da infecção pelo Chikungunya é feito preferencialmente por testes moleculares e sorológicos. O teste molecular utilizado para confirmação diagnóstica é o RT-PCR (“real time polymerase chain reaction”) e deve ser feito em até seis dias do início dos sintomas. Se o resultado for negativo o paciente deve então fazer o exame sorológico ELISA que identifica a presença de anticorpos IgM contra o vírus. A positividade desse último exame é suficiente para confirmação diagnóstica quando ele é coletado no mínimo em seis dias após o início dos sintomas. Recentemente foram disponibilizados diversos testes rápidos para o CHIKV, que por não serem moleculares perdem sensibilidade no início do curso da doença.
O exame laboratorial considerado padrão-ouro para o diagnóstico do ZIKV é também o RT-PCR, teste molecular que identifica o RNA viral no plasma durante os primeiros dez dias de infecção. O alto custo do exame e sua elevada tecnologia tornam necessário um teste de elevada acurácia, rápido e acessível nos países em desenvolvimento com alta incidência de arboviroses.
O objetivo deste projeto é realizar revisão sistemática de estudos de validação de testes diagnósticos para ambas as infecções virais emergentes no Brasil, de modo a contribuir para o conhecimento do estado atual de desenvolvimento dessas tecnologias, uma vez que o diagnóstico acurado é a base para o controle de doenças e para a atenção individual.
Resultados
Foi produzido relatório para o Programa de Iniciação Científica da UnB. A revisão sistemática estudou 21 artigos de validação para o ZIKV, publicados entre janeiro de 2015 a julho de 2020. A maioria dos artigos foi publicada no ano de 2019 e o Brasil foi o país individualmente mais envolvido com o desenvolvimento desses estudos. De 34 diferentes tipos de tecnologias estudadas para o diagnóstico de Zika, o NS5-qPCR (Jääskeläinen et all, 2019), um teste molecular, apresentou 100% de acurácia. As tecnologias que foram validadas por mais pesquisas foram a ELISA-IgM e NS1-ELISA-IgM. Apenas um artigo teve sua qualidade analisada pelo QUADAS-2, pois era o único de fase 3, de base populacional. Este, teve sua qualidade global avaliada como baixa. No período revisado, houve a carência de estudos de fase populacional com boa qualidade para diagnóstico de Zika vírus. Isso é de extrema importância para uma doença cujo teste padrão-ouro é pouco acessível e é endêmica em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O conhecimento sobre o tema necessita ser continuamente atualizado, pois a revisão foi realizada até julho de 2020.
Status: Concluído |
Início: Julho/2020 Conclusão: Julho/2021 |
Eixo temático: Doenças Infecciosas e Tropicais Eixo metodológico: Revisões Sistemáticas da Literatura |
Instituição coordenadora: Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Núcleo de Medicina Tropical Instituições participantes: Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Núcleo de Medicina Tropical |
Coordenação: Maria Regina Fernandes de Oliveira (UnB e IATS) Integrantes: Luiza Brizida (UnB) Viginia Kagure Wachira (UnB) |